quinta-feira, 26 de julho de 2007

Em 2006, Globo quis ganhar no grito

Em 2006, ano de Copa do Mundo, eleições presidenciais e disputa pelo padrão de TV digital, a Rede Globo se superou no grito. Assediada pela Record, sua pequena sósia evangélica, e pela dupla Silvio Santos&Chaves, do cada vez mais indecifrável SBT, o império global botou sua tropa de choque para trabalhar.

Escândalos envolvendo a prata da casa ganharam factóides e elevaram o ibope. Bate-bocas com intelectuais, ex-funcionários e emissoras concorrentes animaram os desafetos de janeiro a dezembro. Os berros de Galvão Bueno e os flertes de Fátima e William nas passagens do "Jornal Nacional" tentaram empurrar o Brasil ao hexa. Não deu, mas haja coração --e estômago.

Já o SBT, sob a mão de ferro de Silvio Santos, seguiu o caminho do silêncio. A grade foi trocada e destrocada sem aviso aos telespectadores. Nem a apresentadora do "SBT Brasil" soube o que chamar após o programa. O homem do baú também decidiu fechar a assessoria de imprensa do canal --para alguns, um golpe de marketing.

No ano em que a antiga TVS comemorou seus 25 anos, a novelinha mexicana "Rebelde" rendeu bons dividendos. Ainda assim, a cena de maior audiência foi a de uma garota dos anos 80 e sua espirituosa piada sobre bambus, postes e mulheres grávidas.

Os dois canais têm algo para brindarem juntos ao final de mais um ano. O lobby pela adoção do sistema de TV digital japonês aproximou concorrentes em 2006. Tudo para cada um reservar seu quinhão, claro.

O ministro das Comunicações, Hélio Costa (ex-repórter da Globo), e os radiodifusores barraram a entrada imediata de novos canais na TV aberta. Tiraram de campo o padrão europeu e um hipotético padrão brasileiro, que sequer foi cogitado. E tudo isso antes mesmo de o jogo começar.

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